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29 de outubro de 2010

CHEIAS, UM PROBLEMA QUE NÃO SE RESOLVE POR FALTA DE VONTADE E DE PERSPECTIVA DOS RESPONSÁVEIS PÚBLICOS



Hoje de manhã, a baixa de Sacavém voltou a alagar. Pela segunda vez no espaço de pouco mais de um mês, esta zona da Cidade inundou na sequência de um curto período de chuvas fortes.
Sobre esta situação, a CDU tem insistido permanentemente na necessidade de se tomarem medidas de fundo que resolvam este problema. As razões estão identificadas, assim como estão definidas as obras necessárias e os cuidados de planeamento da cidade.
Cito aqui um texto, escrito noutro espaço a propósito das cheias de há um mês, neste mesmo local.

"No passado fim-de-semana a zona baixa de Sacavém voltou a ficar rasa de água. Repetiu-se a história do costume, com menos impacto do que é costume, mas pelas razões do costume.
A zona baixa da cidade está construída numa área com pouca cota face ao Trancão, ele próprio um rio “plano”, o que dificulta bastante uma eficaz drenagem desta zona em situação de elevada pluviosidade, sobretudo se houver uma coincidência com um pico de maré. Esta realidade geográfica e os problemas que lhe estão associados é contudo potenciada pela contínua acção humana no local e nas zonas adjacentes.

À zona baixa da cidade chega uma ribeira, encanada em todo o seu percurso urbano, para onde são encaminhados os sistemas de drenagem de águas pluviais das vertentes urbanizadas de Sacavém. Na sequência das grandes cheias de 2008 e 2009 foram iniciadas, estando quase concluídas, obras de requalificação e regularização do leito desta linha de água no seu troço a montante da cidade, tendo sido construída uma bacia de retenção que previna enxurradas. Esta intervenção, sendo importante, não resolve o problema na sua totalidade, como se verificou no passado fim-de-semana.

As estruturas de drenagem urbanas, com décadas de existência, estão subdimensionadas, estão obsoletas e colapsam sempre que a carga aumenta. Apesar disso, a impermeabilização das vertentes continua a intensificar-se, aumentando a pressão sobre o sistema existente.
Fora o folclore que nestes momentos sempre existe, com os representantes das autarquias a sacudir à água do capote, a abordagem necessária seria a avaliação rigorosa da rede de drenagem de águas pluviais neste zona da cidade, e a projecção das alterações necessárias, seja no redimensionamento, na requalificação ou mesmo na alteração radical da sua estrutura actual, sobretudo tendo em conta o volume de edificação já previsto para a cidade nos próximos anos."
Bruno Simão

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