Receio de cheias obriga comerciantes a madrugar
Cheias de 1983 e de 2008 ainda bem presentes na memória dos lojistas de Sacavém
Cheias de 1983 e de 2008 ainda bem presentes na memória dos lojistas de Sacavém
2009-11-02
LUÍS GARCIA
"Para os comerciantes da Baixa de Sacavém, em Loures, o Outono traz o medo das habituais cheias. A construção de uma bacia de retenção, a concluir em Janeiro, deverá minimizar o risco, mas os lojistas temem que não chegue.
"Uma noite de chuva é uma noite em que eu não durmo. Venho para aqui de madrugada", diz José Carapinha, dono de um stand de automóveis na Praça da República, na baixa de Sacavém. Foi ali que as cheias de Fevereiro de 2008 o apanharam, provocando-lhe um dos maiores sustos da sua vida. "Estive três horas em cima de um jipe, em hipotermia, enquanto os bombeiros passavam de barco lá fora", recorda.
Nessa ocasião, a água e a lama que invadiram o stand atingiram 2,40 metros de altura. O resultado, segundo as contas de José Carapinha, foram 200 mil euros do prejuízo de 19 automóveis danificados. "Ando com uma depressão e nunca mais recupero depois daquilo", desabafa o comerciante. A dar força às suas palavras estão os avisos de "vendo/alugo" afixados à porta da loja.
Para os comerciantes da baixa de Sacavém, o penúltimo Inverno foi muito duro, dado que, em poucos meses, a água inundou várias lojas até ao tecto por duas vezes. Estas cheias, como uma outra ocorrida em 1983, ficam na memória dos lojistas, pelos elevados prejuízos e pelas semanas ou meses que demoraram até terem condições para reabrir os estabelecimentos.
Às inundações de menor dimensão já quase nem ligam. "Estou aqui há 42 anos e não houve nenhum em que não tivesse cheias", garante José Sardinha. "Até já tivemos este ano, em Julho, e quase ninguém se lembra de ter chovido".
A juntar ao facto de aquela zona ser mais baixa do que o nível do Tejo e do Trancão - fazendo com que, quando a chuvada é maior, a água não tenha para onde escoar - existe falta de limpeza e manutenção dos colectores e sumidouros. Segundo o sapateiro Manuel Correia, o colector que fica à frente dos estabelecimentos mais frequentemente inundados - como o seu, cujo recheio ficou totalmente destruído nas últimas grandes cheias - nunca teve manutenção, desde a sua construção, e está atulhado de terra e lixo." In, Jornal de Notícias, em 2009-11-02
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